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53% dos pacientes oncológicos reclama de saúde mental

Há cinco anos, Anne Carrari foi diagnosticada com câncer de ovário, em estágio avançado, com metástases no fígado, peritônio, baço, bexiga e diafragma. Depois de duas cirurgias e muitas sessões de quimioterapia, ela segue realizando acompanhamento trimestral. Atualmente, faz as consultas por telemedicina.

Com a pandemia do novo coronavírus, Anne avalia que a saúde mental dela foi duramente comprometida. “Senti um medo ainda maior do que ao ser diagnosticada com câncer. Além disso, muita insegurança e ansiedade. Precisei da ajuda de amigos, familiares e psicólogos e muita fé para lidar com a situação da melhor maneira possível”, relata.

Um levantamento feito pelo Instituto Oncoguia revela um dado preocupante: a maioria das pessoas em tratamento contra o câncer no Brasil não sabe o que fazer em relação à oscilação de humor. O estudo foi dividido em duas etapas: a primeira, com 562 pacientes, entre abril e maio deste ano, e a segunda, com 439 respostas, em julho. Todas as entrevistas foram realizadas por formulário online.

Na primeira fase, 53% dos participantes declararam que uma das áreas mais impactadas pela pandemia foi a emocional. Em julho, essa porcentagem subiu para 58%. Os sentimentos mais presentes na vida destas pessoas foram o medo e a ansiedade.

“Podemos dizer que o paciente oncológico está duplamente impactado: pelo diagnóstico do câncer e agora pela pandemia. Sem dúvida nenhuma temos que garantir e oferecer formas para que ele consiga cuidar também da sua saúde emocional”, enfatiza a fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.

Para driblar o medo e a tristeza, Anne Carrari recorreu à fé. “Estipulei um momento diário de oração, interiorização e mentalização de energias positivas. Com certeza a minha espiritualidade fez toda diferença porque me fez entender que em toda dificuldade existe uma possibilidade de evolução, de crescimento e de aprendizado”, diz.

Nas duas fases da pesquisa realizada pelo Instituto Oncoguia, a espiritualidade apareceu como a principal forma de auto cuidado, mencionada por 52% dos entrevistados na primeira etapa e 57% na segunda. Em seguida vem a prática de atividades físicas, meditação e relaxamento, grupos de apoio, cursos online e conversas temáticas. “Uma coisa que me ajudou foi começar a participar das rodas de conversa que o Instituto Oncoguia tem proporcionado. São encontros virtuais semanais com psicólogos, pacientes e familiares onde discutimos sobre nossos sentimentos. Tem sido momentos de acolhimento e muito crescimento pessoal”, afirma Cláudia Lopes, que faz tratamento contra câncer de pulmão.

Ela descobriu o tumor em outubro de 2014 e fez cirurgia para a retirada do lobo inferior do pulmão direito. Após sessões de quimioterapia, segue em acompanhamento. Cláudia conta que ficou muito ansiosa e nervosa no início da pandemia de covid-19. “Era um misto de sentimentos. Primeiro, não seria justo ter passado por tanta coisa para morrer por causa de um vírus. Depois, não sei quanto tempo tenho de vida, e ninguém sabe, mas não queria deixar de estar com as pessoas que amo e de fazer as coisas que queria”, ressalta. Além disso, ela tem medo de ser contaminada e não conseguir se despedir dos entes queridos.

A pesquisa do Instituto Oncoguia também aponta que 10% dos entrevistados não sabem como agir diante do sofrimento emocional. Além disso, 15% dos participantes disseram não estar fazendo nada para cuidar da saúde mental.

Medo como inimigo do tratamento oncológico

Na primeira etapa do levantamento do instituto, realizada entre abril e maio, 41% dos participantes declararam que a pandemia do coronavírus havia impactado diretamente em seus tratamentos oncológicos. Na nova rodada, realizada em julho, este número caiu para 31%, mostrando que, aos poucos, a rotina começa a ser retomada.

“O paciente continua com medo, mas já entendeu que seu tratamento não pode ser interrompido. Para que se sinta seguro, vemos como necessário o conhecimento sobre protocolos e medidas de segurança adotadas pelas instituições onde se tratam”, destaca Luciana Holtz, fundadora do Instituto Oncoguia.

Fonte: Terra

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