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Atezolizumabe reduz em 38% o risco de progressão do câncer de mama

O diagnóstico de câncer de mama e até de metástase carrega cada vez menos o estigma de sentença de morte que por anos foi atrelado à doença.

Nas últimas duas décadas, o entendimento de que existem subtipos muito específicos de tumor permitiu a criação de remédios mais eficazes, direcionados às características individuais do câncer em cada paciente.

É o caso do anticorpo monoclonal atezolizumabe, primeira imunoterapia específica para o tratamento de um dos tipos mais agressivos de câncer de mama e para casos de metástase, aprovado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em junho deste ano.

A ultrasegmentação dos tratamentos é a principal aposta das drogas atualmente em estudo. Um artigo publicado na revista especializada Frontiers in Oncology listava, em 2018, 14 novas terapias em estágio avançado de ensaio clínico.

Esse processo começou com a identificação de marcadores genéticos, substâncias encontradas no sangue, na urina ou em tecidos do paciente em quantidade aumentada.

A maior parte dos cânceres de mama são identificados pela presença de três marcadores: receptores de estrogênio e de progesterona (hormônios femininos) e uma proteína chamada HER2, que “alimenta” o tumor.

Os cânceres HER2 respondem por 20% dos casos, contra cerca de 65% dos hormonais. Outros 15% não apresentam nenhum desses três alvos e são, portanto, classificados como triplo-negativos. É aí que entra a nova droga, que atua estimulando o sistema imunológico a combater a doença.

De acordo com um estudo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine no ano passado, o medicamento, associado à quimioterapia, reduz em 38% o risco de progressão ou morte das pacientes de tumor triplo-negativo.

“É uma revolução. Passamos da fase em que se usava uma quimioterapia igual para todos os tumores para a era de drogas específicas para cada subtipo”, diz o oncologista Cesar Cabello, professor da Faculdade de Medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

“Estamos em um momento de melhora da qualidade e do tempo de vida das pacientes, tanto no cenário de cura quanto no de doença avançada, que não tem cura, mas hoje em dia tem controle”, avalia a médica Daniela Rosa, vice-presidente do conselho científico da FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama).

A terapia-alvo específica para o câncer de mama não é nova: o tamoxifeno surgiu na década de 1970, seguido por outras drogas focadas nos cânceres com presença hormonal. O ponto de virada contra a doença, porém, foi o desenvolvimento dos anticorpos monoclonais, especialmente o trastuzumabe e o pertuzumabe, indicados para a doença em estágio inicial.

No contexto dos tumores que expressam receptores hormonais, a médica destaca as drogas que ajudam a diminuir a resistência da doença à hormonioterapia, bem como medicamentos que focam mutações específicas.

Pacientes que têm mutação no gene BRCA1 ou BRCA2 — como a atriz Angelina Jolie— também ganharam novas opções de tratamento específico: as drogas que inibem a PARP, enzima que ajuda a reparar o DNA do tumor.

Outra vantagem das novas terapias está relacionada à qualidade de vida das pacientes. De acordo com a oncologista Daniela Rosa, em muitos casos os médicos conseguem postergar, às vezes por vários anos, a necessidade de quimioterapia.

Os tumores de mama são os cânceres mais prevalentes em mulheres de todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de que, em 2019, ocorram 59,7 mil novos casos da doença.

Embora as opções de tratamento tenham se ampliado, a questão do acesso às terapias mais recentes é bastante irregular nas diferentes regiões do país e, principalmente, para quem depende apenas do SUS (Sistema Único de Saúde).

“O SUS é um sistema justo e funciona muito bem. Mas em situações em que a evolução das aprovações de novos tratamentos tem sido muito rápida, o SUS fica bastante defasado”, avalia Rosa.

“A gente trata qualquer paciente de um estágio inicial de maneira adequada. Se é um estágio mais avançado, ou metastático, aí já muda um pouco de conversa. A gente tem o que é básico e só”, completa.

Mesmo que tenham mais opções de tratamento, as pacientes que têm planos de saúde também podem enfrentar dificuldades para ter acesso às drogas mais recentes. Isso acontece por conta da demora na atualização do rol da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que é feita a cada dois anos.

“Se o rol não é atualizado, alguns convênios podem se negar a pagar o tratamento, mesmo que autorizados pela Anvisa. Isso é muito ruim porque acaba levando à judicialização em muitos casos”, completa Rosa.

 

Com informações de Folha de S. Paulo, 30/08/2019

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