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Poluentes e agrotóxicos podem influenciar no câncer de mama

Recentemente, a relação entre produtos industrializados, agrotóxicos e poluição no aumento do risco de câncer de mama está sendo colocado em pauta com mais força, mas o assunto já é alvo de debate há alguns anos. 

Em 2016, a revista Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention publicou um estudo realizado em Hong Kong, cujos resultados indicam um aumento de 80% no risco de morte por câncer de mama a cada 10 microgramas de poluição por material particulado fino no ar. Paralelo a isso, estudiosos já levantavam a possibilidade de agrotóxicos serem também agentes causadores do câncer de mama. Em 2015, o próprio Instituto Nacional do Câncer (INCA) emitiu um parecer estabelecendo forte relação entre os casos de câncer e agrotóxicos.

O câncer de mama é uma doença multifatorial, onde a genética, estilo de vida e fatores ambientais também estão envolvidos. A preocupação com os dois últimos itens se deve ao fato de que apenas 5% dos casos de câncer têm relação com histórico familiar. A porcentagem restante fica a cargo de mutações dos genes BRCA1 e BRCA2, que têm ligação direta com os casos de câncer de mama associados com o estilo de vida e ao ambiente.

Segundo a biomédica Karen Friedrich, da Fundação Oswaldo Cruz, os agrotóxicos causam efeitos sobre a saúde em um curto ou longo prazo após a exposição, sendo que efeitos crônicos demoram meses, anos ou até décadas para aparecer. Cânceres como leucemia, linfoma não-Hodgkin e mieloma múltiplo já são patologias classicamente ligadas ao consumo e exposição ao agrotóxico na literatura científica, assim como o câncer de mama, de próstata, de cérebro, de fígado e de rins. Além disso, há um leque de outras patologias que estão diretamente ligadas a substâncias agrotóxicas.

Os agrotóxicos podem atuar como iniciadores, promotores e aceleradores de mutações que originam um tumor. Isso porque, substâncias tóxicas ambientais (xenobióticos) são capazes de induzir a mutações no DNA. Quando irreversíveis, o sistema imunológico pode frear ou promover o crescimento das células alteradas, e ainda favorecer a disseminação destas para outros órgãos. Esse é o processo de malignização que o corpo passa e dá origem ao câncer como conhecemos.

Os xenobióticos são compostos químicos presentes no meio ambiente, que podem ser produzidos pela indústria ou pela natureza. Pesticidas agrícolas, inseticidas, plásticos, produtos de limpeza e fármacos, todos eles são categorias onde os xenobióticos industriais se encaixam. Nas categorias de agrotóxicos e poluentes químicos, estão presentes substâncias que apresentam propriedades bioquímicas semelhantes ao estrogênio (hormônio feminino responsável pelo controle da ovulação e preparo do útero para a reprodução), que ocasionam um estímulo hormonal adicional. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), mulheres que apresentam agrotóxicos no organismo, têm o dobro de chances de desenvolver câncer de mama.

Há diversos estudos na área da toxicologia que detalham os mecanismos pelos quais as moléculas de agrotóxicos podem provocar a neoplasia. Alguns agrotóxicos, como o DDT (inseticida), são considerados carcinógenos humanos em potencial, além de promotores tumorais. A classificação das substâncias prejudiciais se divide em poluentes de curta duração, em que se enquadram os filmes plásticos usados para embalar alimentos, o papelão utilizado em alimentos congelados e até a resina encontrada no interior de latas de conserva, e poluentes de longa duração, que são os pesticidas.

No Brasil, o problema com agrotóxicos é mais grave do que se imagina. O país se encontra em primeira posição no ranking de consumidores mundiais de agrotóxicos, ultrapassando a marca de um milhão de toneladas por ano. Isso se dá ao fato de que aqui é legal o uso de sementes transgênicas para produção em larga escala.

O cultivo dessas sementes exige uma grande quantidade de agrotóxicos. Além disso, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já constatou em anos anteriores a presença de substâncias químicas não autorizadas para o alimento e a existência de agrotóxicos que nunca tiveram registro no Brasil. Só entre os anos de 2009 e 2011, foram apreendidos quase 10 milhões de litros de agrotóxicos adulterados no país.

Isso tem saída?

Sim! A realidade é que é quase impossível excluir todas as fontes de risco, mas a agroecologia parece no momento ser uma alternativa para escapar do consumo de agrotóxicos. Além disso, a desintoxicação hepática é urgente, pois o fígado é o principal responsável pela metabolização de nutrientes e limpeza de substânciatóxicas no organismo. Para isso, é necessário priorizar o consumo de alimentos orgânicos, livres de substâncias agrotóxicas, e aumentar o consumo de nutrientes de forma saudável. Consumir bastante água completa o ciclo de desintoxicação do corpo.

Também é importante que a sociedade promova através do primeiro, segundo e terceiro setor, um contínuo programa de conscientização e estratégias para que se possa minimizar o uso e consumo dessas substâncias. Dessa forma, a partir do acesso à informação, o consumidor tem consciência dos riscos e de suas escolhas, e a tendência é que se tenha preferência por alimentos sem agrotóxicos. 

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