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Vacinação COVID-19 para pacientes oncológicos: posicionamento FEMAMA

Situação de alerta

A pandemia da COVID-19 trouxe desafios inimagináveis para a estrutura dos sistemas de saúde brasileiro, especialmente o público. A imensa maioria de profissionais do setor tiveram que ser direcionados para atendimento de pacientes graves de COVID-19 e as demais patologias acabaram ficando descobertas. Consultas, exames, tratamentos e cirurgias eletivas foram adiados indefinidamente ou cancelados e muitas pessoas ainda temem sair à rua, se contaminar e contaminar outros ao seu redor, evitando ir aos hospitais, clínicas e laboratórios mesmo quando precisam.

Para pessoas aparentemente saudáveis, que podem permanecer e trabalhar em casa e evitar os riscos de contaminação ao máximo, num dos piores momentos da pandemia, a orientação segue: SE PUDER FIQUE EM CASA, desde que não evitem realizar exames de rotina, consultas médicas quando necessário e não coloquem sua vida em risco por conta do risco de se contaminar. Para os pacientes oncológicos (com histórico de câncer ou ainda em tratamento), as preocupações ainda são mais graves: existe um temor ainda maior em relação a se exporem ao vírus ao irem ao hospital, por exemplo, em função da desinformação em relação a ter “seu sistema imunológico comprometido” e isso não procede.

A suspensão de procedimentos eletivos afastou pacientes oncológicos em acompanhamento e indivíduos com suspeitas de câncer de cuidados e com isso aumentou a possibilidade de haver mais tumores avançados por falta de diagnóstico precoce. Hoje, toda a sociedade já está pagando um preço alto por isso. É preciso correr atrás do prejuízo causado desde o ano passado e retomar os procedimentos de rotina. É necessário transmitir confiança: com ou sem pandemia, pacientes precisam se diagnosticar precocemente e jamais interromper o tratamento. A vasta maioria dos hospitais, clínicas e serviços de diagnóstico obedecem a padrões extremos de cuidados e protocolos para diminuir a contaminação pelo vírus e são seguros.

Situação de risco

O início do ano de 2021 marcou o início da imunização em massa pelo governo brasileiro contra o vírus Sars-CoV-2, causador da doença denominada Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). As vacinas trazem esperança para que a sociedade supere uma das maiores crises sanitárias que o mundo já vivenciou.

Das quatro plataformas e metodologias das vacinas que chegaram ou estão chegando ao Brasil, todas são seguras e eficazes, inclusive para pacientes oncológicos. Os infectologistas são taxativos: todas elas não utilizam o vírus vivo e, assim, não causam a doença sob hipótese alguma e podem ser administradas em todos os pacientes imunocomprometidos com tranquilidade. Além disso, menos de 1% dos vacinados apresentaram efeitos adversos da vacina. Independentemente da idade, pacientes oncológicos podem parar na UTI se contraírem o vírus. E, atualmente, em boa parte dos estados, não há vagas disponíveis e a lista de espera por leitos só aumenta.

A FEMAMA identificou uma barreira de acesso desnecessário à imunização contra o novo coronavírus: pacientes oncológicos, na faixa etária da vacinação promovida pelo Ministério da Saúde, estão solicitando em massa atestado aos médicos assistentes que os acompanham para que os mesmos comprovem que eles estão aptos para a vacinação contra a COVID-19. O atestado é uma exigência do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a COVID-19, publicado em dezembro de 2020 pelo Governo Federal e precisa ser revisado urgentemente à luz do conhecimento de março de 2021 quando milhões e milhões de pessoas já foram vacinadas no mundo inteiro.

A FEMAMA, através de seu Comitê Técnico-Cientifico, acredita que não há necessidade deste atestado, visto que não há risco diferente observado ao imunizar pessoas com histórico de câncer com as vacinas disponíveis. Além disso, pacientes no sistema privado de saúde podem conseguir com muito mais facilidade o atestado médico, enquanto as usuárias do sistema público não possuem contato direto com o profissional de saúde que os acompanha e/ou vão ter que esperar meses por uma nova consulta para solicitar o documento e que talvez seja cancelada ou adiada indefinidamente, gerando um abismo de desigualdade social.

O Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a COVID-19 (páginas 33 e 113) diz que: “A eficácia e segurança das vacinas COVID-19 não foram avaliadas nesta população. No entanto, considerando as plataformas em questão (vetor viral não replicante e vírus inativado) é improvável que exista risco aumentado de eventos adversos. A avaliação de risco benefício e a decisão referente à vacinação ou não deverá ser realizada pelo paciente em conjunto com o médico assistente, sendo que a vacinação somente deverá ser realizada com prescrição médica”.

O documento faz uma discriminação do paciente oncológico ao pedir o atestado médico, ignora a orientação atual dos profissionais infectologistas que confirmam a segurança da vacina para os pacientes de câncer, a importância de vacinar e até priorizar este grupo, principalmente os indivíduos em tratamento ou com cirurgias marcadas. É necessária nova revisão urgente do Plano para a retirada desta exigência. Pacientes oncológicos vacinados que precisam ser operados, por exemplo, têm uma mortalidade muito menor se contraírem a COVID-19. O risco de internação também diminui exponencialmente.

A FEMAMA acredita que o profissional de saúde que está aplicando a vacina na UBS, farmácia ou qualquer outro local é perfeitamente capaz de avaliar os riscos como sinais gripais e sintomas agudos, não devendo perguntar sobre o histórico de câncer, uma vez que isso não faz diferença para a imunização. Por exemplo, se o paciente apresentar um quadro de febre no ato da imunização, será necessário reagendar a vacinação. Entendemos que o gestor público está cumprindo o Plano de Vacinação, portanto, solicitamos que o plano seja reavaliado e comunicado aos municípios com urgência.

Além disso, mesmo que pacientes oncológicos já estejam no plano de vacinação nos grupos prioritários, chegará a hora de priorizar, dentro deste grupo, quais os pacientes que receberão primeiro as doses da vacina. A FEMAMA reitera o seu posicionamento de que os pacientes oncológicos precisam ser antecipados no calendário da vacinação, independentemente de suas idades, que continuem seus tratamentos e diminuam seu risco de morte, especialmente pacientes: a) com câncer metastático; b) em uso de drogas orais; c) que estão em tratamento de quimioterapia e radioterapia; d) que terminaram o tratamento nos últimos 6 meses.

Quando chegar a vez da vacinação dos grupos prioritários dos pacientes crônicos, como o câncer, será necessário comprovar a doença no ato da vacinação, através de receituário, carteira do centro de câncer ou uma declaração do médico, qualquer coisa que possa comprovar que o paciente está no grupo prioritário de vacinação. Um atestado médico pode ser mais difícil de conseguir comparado ao receituário, por exemplo, especialmente para pacientes do SUS. Portanto, a FEMAMA pede que todos os pacientes oncológicos se antecipem e, na próxima consulta com o profissional que o acompanha, já solicite um atestado médico ou qualquer outro documento que comprove sua situação.

A FEMAMA também recorda que a campanha nacional de vacinação contra o vírus H1N1 está iniciando em todos os estados e que pacientes também devem se imunizar com ela, conforme calendário do Ministério da Saúde. Porém, faz um alerta: é necessário haver uma diferença de 14 dias entre a vacina do H1N1 e da COVID-19, por questões de vigilância. Não haveria nenhum problema em tomá-las juntas, mas caso houver algum efeito adverso, é necessário saber qual vacina foi responsável pelo mesmo.

Independente de pandemia, é importante que toda a sociedade civil, inclusive crianças e adolescentes, continue com todas as vacinas em dia, que são dispensadas gratuitamente nas unidades básicas de saúde e também nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE), especializados em vacinas para imunossuprimidos, como casos de câncer. É preciso sair de casa sim para se imunizar, completar a carteirinha de vacinação. Dessa forma, não será necessário enfrentar outras doenças que não a COVID-19 que possam lotar emergências e UTIs num momento tão delicado como o que estamos passando.

Mesmo imunizado contra o novo coronavírus, para se proteger contra a doença, não basta só a vacina. O imunizante somente complementa os cuidados que se precisa ter como o uso de máscara, distanciamento social, a lavagem de mãos constantes, evitar aglomerações etc. O custo aos cofres públicos de cada dose da vacina contra a COVID-19 gira em torno de R$ 50 e o custo de um dia de leito de UTI varia entre R$ 3 a 4 mil. Somente com a vacinação em massa é possível conter essa ameaça sanitária e fazer com que voltemos ao mínimo de normalidade após um ano extremamente difícil, complexo, sofrido e doloroso.

Saiba mais sobre o assunto em: https://www.youtube.com/watch?v=Jh8ZZ7Ba8lc 

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